Literacia Digital e Literacia da Informação

De acordo com Martin e Ashworth (2004), a Literacia Digital refere-se “to the awarenesses, skills, understandings, and reflective approaches necessary for an individual to operate comfortably in information-rich and IT-enabled environments”. É, assim, a capacidade que uma pessoa tem para desempenhar, de forma efetiva, tarefas em ambientes digitais – incluindo a capacidade para ler e interpretar media, para reproduzir dados e imagens através de manipulação digital, e avaliar e aplicar novos conhecimentos adquiridos em ambientes digitais (Jones-Kavalier e Flannigan, 2006).

Como já referido, na sociedade de hoje em dia, e de acordo com Perán (2010) ,“Jobs and their skills requirements are constantly evolving. Concepts such as critical thinking, multi-tasking, collaboration and team work are increasingly strategically relevant. Eskills can provide the opportunities to meet these fast-changing requirements of the knowledge-based society and achieve a better position to overpass global competitive challenges” (In: McCormack, 2010). Assim, são necessárias pessoas com competências digitais que providenciem determinadas infra-estruturas digitais e também de pessoas com competências digitais para as usar. Desta forma, uma sociedade digital ou em rede – digitally literate – é um percursor para uma sociedade baseada no conhecimento – knowledge-based society.
Esta sociedade, globalmente interligada e com uma forte componente e presença digital, requer competências específicas por parte dos seus cidadãos, tal como se pode verificar pela imagem abaixo representada.

Imagem: Future Work Skills (Davies, Fidler e Gorbis, 2011)


Estas competências de trabalho passam pela transdisciplinaridade, pela inteligência social, pela capacidade de pensamento adaptativo e computacional, pela literacia em novos média, pela colaboração virtual, por competências transculturais, entre outras Desta forma, ser-se digitally literate pressupõe:

  • saber como aceder a informação e saber como a recolher em ambientes virtuais/digitais;
  • gerir e organizar informação para a poder utilizar no futuro;
  • avaliar, integrar, interpretar e comparar informação de múltiplas fontes;
  • criar e gerar conhecimento adaptando, aplicando e recreando nova
    informação;
  • comunicar e transmitir informação para diferentes e variadas audiências, através de meios adequados.

Podemos dizer que manipulando a informação da forma acima delineada geramos conhecimento .

Imagem:Informação como geradora de conhecimento

A Literacia da Informação “abrange o conhecimento das próprias necessidades e problemas com a informação, e a capacidade para identificar, localizar, avaliar, organizar e criar, utilizar e comunicar com eficácia a informação para resolver problemas ou questões apresentadas” (Declaração de Praga, 2003).
Apresenta-se, assim, como “the set of skills needed to find, retrieve, analyze, and use information (…) Ultimately, information literate people are those who have learned how to learn. They know how to learn because they know how knowledge is organized, how to find information, and how to use information in such a way that others canlearn from them. They are people prepared for lifelong learning, because they can always find the information needed for any task or decision at hand” (American Library Association Presidential Committee on Information Literacy, 2010).

As questões sobre a Literacia da Informação, através da própria mudança das necessidades dos seus utilizadores estão sempre a evoluir e quando definimos o conceito e apresentamos as suas práticas, existe algo que vai sendo posto em causa, acrescentando um novo dado em função do desenvolvimento das necessidades do próprio indivíduo mas também, com a mudança social, originada pelo desenvolvimento das tecnologias da comunicação e informação ou melhor sobre a literacia digital.
Perante isto existe a noção, apoiada na teoria de Likert, sobre a sua teoria das atitudes, aplicada à literacia da informação por vários autores, que considera a literacia da informação mais do que um conceito, implica atitude, como? Porque tem que ter:
– componente cognitiva,
– componente afetiva,
– componente comportamental.
Estas componentes que compõem uma atitude, que neste caso é fundamental, por parte de todos o intervenientes no processo da Literacia da Informação, serão génese das competências necessárias a determinadas tomadas de decisão em todo este processo. Tal como nos referem os autores (Malheiro da Silva,2010; Nicole Johnston,2010):
– Competências Informacionais;
– Competências Digitais;
– Autonomia;
Skills.

Imagem: Literacia da Informação vs Sujeito


O esquema acima representado tenta resumir e dar “pistas” necessárias ao desenvolvimento de módulos de formação (elementos práticos do conceito), para que os indivíduos desenvolvam as suas capacidades e atitudes ao nível da literacia da Informação.
Estar consciente, que este esquema, será sempre entendido como um instrumento metodológico, o qual terá que ser adaptado ao contexto e às características dos utilizadores, em função das metas traçadas, é o objetivo para o qual foi concebido.
Perante o que foi demonstrado até aqui, também temos que ter consciência que esta realidade é dinâmica, a produção e acesso á informação científica é maior e rápida, tendo em conta a evolução dos meios ligados à literacia digital, o que faz com que o próprio conceito, práticas e atitudes, não sejam estanques, são geneticamente dinâmicas e devem ser sempre reativas e pró-ativas.

Loureiro, A. & Rocha, D. (2012). Literacia Digital e Literacia da Informação – Competências de uma era digital. In Matos, J. et al (Eds.) Atas do ticEDUCA2012 – II Congresso Internacional TIC e Educação (pp. 2726-2738). Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. ISBN 978-989-96999-8-4. DOI. http://hdl.handle.net/10400.15/758

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